Há limites que enxergamos; o fim de uma rua, a borda de um mapa, a porta que se fecha. Mas há também aqueles que não vemos, e que, mesmo assim, nos mantêm presos. São os limites invisíveis: as crenças silenciosas que carregamos sobre nós mesmos e que, muitas vezes, determinam até onde acreditamos poder ir.
Esses limites não surgem do nada. São construídos ao longo da vida, nas experiências que nos marcaram, nas palavras que ouvimos e nas interpretações que fizemos do mundo e de nós mesmos.
Às vezes, bastou uma frase: “você não é bom nisso”, “isso não é pra você”, para que algo se fixasse no inconsciente como uma verdade. E, sem perceber, passamos a viver dentro dessas frases, desse contorno invisível.
Esses pensamentos limitantes não gritam, eles sussurram. Estão ali quando duvidamos do próprio valor, quando desistimos rápido demais ou quando sentimos medo de sermos vistos de verdade. É como se uma parte de nós, no intuito de nos defender, dissesse: “fique onde está, é mais seguro assim.” Só que o que um dia foi defesa, pode se tornar prisão.
Muitas vezes, os verdadeiros muros não estão do lado de fora, mas dentro da nossa própria narrativa. E quando ousamos questioná-la, algo se desloca: o limite deixa de ser destino e passa a ser escolha. Mas, na verdade, esses limites não são muros, são histórias que podem ser recontadas.
Quando começamos a reconhecer essas crenças e questioná-las, algo muda. Aquele “não consigo” pode se transformar em “posso tentar”. O “não mereço” pode abrir espaço para o “por que não eu?”
O processo é sutil, mas profundo. E, passo a passo, os limites invisíveis vão se desfazendo, até que o que antes parecia impossível passa a caber dentro do possível.
Se você sente que algo o impede de avançar, talvez seja hora de olhar com mais carinho para esses limites.
A psicanálise pode ser um caminho de descoberta, cuidado e transformação: um convite para se encontrar com quem você é, para além do que um dia acreditou ser.