Mudar é sempre um gesto de coragem. Seja de cidade, de país ou mesmo de rotina, cada mudança carrega consigo uma ruptura: o fio que nos ligava ao familiar se desfaz, e diante de nós se abre um caminho ainda não trilhado.
Nesse território desconhecido, sentimentos contraditórios se entrelaçam: a esperança pelo novo, o medo de perder o que se tinha e a alegria pelas oportunidades, que muitas vezes se esconde atrás da angústia diante do incerto.
Não raro, quem se aventura em outra localidade descobre a dor da distância, o vazio da saudade e a vulnerabilidade da insegurança. E é aí que surge um dilema silencioso: como sustentar a vida entre aquilo que podemos controlar e aquilo que jamais estará em nossas mãos?
Este texto convida você a visitar esse espaço delicado, onde a ansiedade pode ocultar a alegria e o medo pode nos afastar da possibilidade de crescer.
A ansiedade diante do futuro costuma ser a primeira companheira de quem muda. Ao deixar para trás rostos, rotinas e cenários familiares, abandonamos também os símbolos que nos ancoravam: a presença da família, os amigos de longa data, os lugares de memória, os gestos cotidianos que nos davam estabilidade e, muitas vezes, também a nossa língua — lugar de expressão desde a mais tenra infância.
Sem esses referenciais, podemos nos sentir como barcos em mar aberto, buscando bússolas invisíveis para não naufragar e sem porto para atracar.
Na tentativa de não se perder, muitos se agarram ao controle: planejam cada passo, tentam prever cada encontro e sofrem antecipadamente por dores que, na maioria das vezes, nunca chegarão. E então, a ânsia por segurar firme o leme da vida acaba se transformando na própria tormenta — porque o futuro, por sua natureza incerta, nem sempre se curva à nossa vontade.
Quanto mais buscamos respostas definitivas, mais nos enredamos no vazio da incerteza, da angústia
e do medo.
Compreender que a dificuldade de adaptação não é sinal de fraqueza, e sim de humanidade, faz parte do processo de construção de uma nova vida. Nomear a saudade, reconhecer a insegurança e permitir-se sentir a tristeza são passos importantes para elaborar a experiência e compor, ao menos, um pouco do futuro.
Assim, em vez de negar o imprevisível, é possível aprender a conviver com ele, encontrando modos singulares de sustentação psíquica e emocional.
Entre o controle e a imprevisibilidade existe um espaço fértil de transformação. Acolher o imprevisível é também acolher a instabilidade, e por vezes, a imprevisibilidade de nossos sentimentos.
Porém, nem toda estrada é inteiramente escura. Podemos, sim, iluminar parte desse caminho — ora mais, ora menos — e, em algum momento, caminhar até mesmo sem luz alguma. Mas isso não significa desistir de planejar, e sim reconhecer que viver é também abrir-se ao inesperado e sentir e aceitar que nem tudo é planejável.
Se você se identifica com essa dificuldade em lidar com mudanças, sente ansiedade em relação ao futuro ou experimenta a tristeza da distância, pode ser o momento de buscar apoio profissional.
A terapia psicanalítica oferece um espaço seguro para elaborar esses sentimentos e encontrar novas formas de adaptação.
Agende sua consulta e permita-se viver esse processo com mais leveza.